» JUSCELINO FILHO, Ministro das Comunicações
Desde 2009, a China se firmou como o maior parceiro comercial do Brasil, uma relação que se fortalece a cada ano. A recente visita do presidente chinês, Xi Jinping, à capital brasileira não só reforça o prestígio do Brasil no cenário internacional, mas também sublinha a importância estratégica dessa parceria para ambos os países. Celebramos, neste ano, meio século de relações diplomáticas, um marco que atesta a solidez e a longevidade dessa cooperação.
No âmbito das telecomunicações, o Ministério das Comunicações deu um importante passo ao assinar acordos com a empresa chinesa SpaceSail e com a Administração Nacional de Dados do país asiático. Esses acordos visam impulsionar a conectividade e a economia digital no Brasil, áreas cruciais para o desenvolvimento socioeconômico do país. No entanto, é importante esclarecer que essa parceria não deve ser vista como uma escolha entre tecnologias chinesa ou americana, como a da Starlink, mas, sim, como uma estratégia para ampliar a concorrência com mais opções disponíveis aos brasileiros.
A tecnologia de internet via satélites de baixa órbita apresenta uma solução inovadora para levar internet de alta velocidade a regiões remotas do Brasil, onde as infraestruturas tradicionais de conexão são limitadas ou inexistentes. Estamos falando de moradores de regiões rurais, territórios indígenas, comunidades ribeirinhas e quilombolas, onde, muitas vezes, é muito difícil a chegada de cabos de fibra óptica por causa de uma série de dificuldades. Se não é possível levar a infraestrutura de internet por terra, então é necessária a alternativa satelital. O Brasil, com sua vasta extensão territorial e diversidade geográfica, enfrenta desafios únicos em termos de conectividade. Portanto, é essencial que busquemos todas as opções disponíveis para superar essas barreiras e promover a inclusão digital.
A Starlink já oferece seus serviços no Brasil e continuará a expandir sua presença, com 224,5 mil conexões registradas, das quais um terço está na Região Norte. O Brasil é um grande mercado consumidor, com um potencial significativo de crescimento. Portanto, a introdução da SpaceSail no cenário brasileiro nos próximos anos não deve ser vista como uma competição, mas como uma oportunidade de diversificação e fortalecimento da infraestrutura digital do país. Afinal, nenhum mercado é sadio quando apenas uma empresa domina.
Além da empresa chinesa, outra companhia americana, a Amazon, com seu projeto Kuiper, pretende lançar a sua constelação de satélites de baixa órbita e oferecer seus serviços de conectividade no Brasil. A direção nacional da empresa nos procurou neste segundo semestre para apresentar seu projeto e a intenção de operar no país.
Uma maior concorrência pode impulsionar melhorias nos serviços oferecidos e fomentar a inovação tecnológica e a redução de custos, tornando a internet de alta velocidade mais acessível para todos. Queremos garantir que todos os cidadãos, independentemente de sua localização, tenham acesso a serviços de internet de alta qualidade e a preços justos.
Isso é fundamental para dar acesso a uma série de serviços públicos e privados, além de inserir essa população na economia digital, que é a economia do futuro. Não apenas para poderem realizar compras em lojas on-line e receberem em suas casas, como também para abrir a possibilidade de novas oportunidades de geração de emprego e renda, seja por meio de um trabalho remoto seja pelo empreendedorismo, com a venda de seus produtos para clientes de todo o Brasil.
O Ministério das Comunicações não trabalha em defesa de outras nações nem a favor de empresas ou tecnologias específicas. Nosso compromisso é — e sempre será — com o povo brasileiro. Acreditamos que, ao promover a diversidade de opções e incentivar a presença de mais empresas operando no país, quem realmente ganha é a população. E é isso que continuaremos a fazer: buscar incessantemente soluções que beneficiem o povo brasileiro.