Wolf Kos*
De amanhã, 28 de agosto, a 8 de setembro acontecerão os Jogos Paralímpicos 2024, em Paris, França. Para essa competição, a delegação brasileira será a maior já anunciada para uma edição dos Jogos no exterior, com 280 paratletas convocados pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Trata-se de um avanço conquistado e fruto de muito trabalho de entidades e instituições que tratam a inclusão da pessoa com deficiência promovendo o esporte e todo o seu cunho social.
Sim. O esporte paralímpico representa o social, inserido na agenda ESG entre empresas e instituições, como o Instituto Olga Kos de Inclusão, que, há 17 anos, vem colocando em prática o compromisso de possibilitar a maior interação entre pessoas com deficiência no Brasil. Há o objetivo de somar e levar adiante o desejo de ver o país cada vez mais inclusivo por meio de oportunidades que rompam barreiras sociais.
Entendo, no entanto, que há muito a ser trabalhado pelas empresas indistintamente, assim como pela sociedade, quando se pensa na inclusão social da pessoa com deficiência dedicada ao esporte paralímpico. Sobre essa questão, reforço que promover o esporte paralímpico é também trazer à tona várias das iniciativas sociais praticadas pelas empresas.
Em dezembro de 2023, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), foi apresentado o Passaporte ESG, que é uma medida protecionista da União Europeia que trata da pauta da pessoa com deficiência voltada aos representantes dos mais diversos setores da sociedade que ajudam na formulação de políticas e diretrizes. Reforço que se trata de uma medida protecionista da comunidade europeia.
A implementação do Passaporte ESG exigiu que todas as empresas envolvidas na cadeia produtiva adotassem as diretrizes estabelecidas pela International Organization for Standardization (ISO), e essas diretrizes visam garantir práticas sustentáveis em todas as etapas de todo processo produtivo, desde a obtenção de matérias-primas até a comercialização do produto final.
Enquanto essa agenda avança mundialmente, no Brasil a pauta continua a ser discutida apenas entre o C-level (executivos) das empresas — sobretudo, as de capital aberto ou do setor financeiro. Isso significa que há quem ainda desconheça o significado de ESG e o quanto são impactados diretamente pelas questões ambientais, sociais e de governança — temas que dão origem à sigla.
Muitos representantes da sociedade civil ainda precisam compreender o significado da sigla ESG e em todos os escalões. Empresas de todos os setores precisam compreender com mais profundidade o que trata essa agenda, o que poderá auxiliá-las para melhor mensurar a forma como “fazem inclusão”.
Uma dessas iniciativas ocorreu em 1º de junho de 2002 quando o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) disponibilizou o programa de acreditação para a certificação da Escala Cidadã Olga Kos (ECOK), que é um instrumento que objetiva mensurar, a partir de identificação, monitoramento e avaliação, como a inclusão é praticada no mercado de trabalho a partir das principais barreiras que impedem a inclusão laboral em empresas e/ou instituições.
A partir de cinco variáveis, 20 indicadores e 37 requisitos, avalia-se o quanto uma empresa é inclusiva e a qualidade desses ambientes para todas as diferenças — sejam elas por gênero, idade, deficiência, etnia, religião, nacionalidade, orientação sexual ou qualquer outro fator de exclusão.
Nota-se, assim, que ampliar a discussão sobre ESG e sua prática entre as empresas segue como pauta fundamental. A evolução do paradesporto, certamente, tem tudo a ver com a prática ESG, que é uma realidade praticada pelas empresas nacionais.
CEO e criador do Instituto Olga Kos de Inclusão*
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